Em 1928, Oswald de Andrade apresentou seu Manifesto Antropofágico, no qual exaltava a identidade e a criatividade brasileiras por meio das suas manifestações culturais. O documento se tornou um marco do Modernismo no Brasil e “Tupi, or not tupi that is the question” é uma das muitas metáforas que compõem o manifesto.
A provocação do Manifesto Antropofágico é o ponto de partida para a exposição promovida pelo Museu Oscar Niemeyer (MON), que exalta a identidade brasileira por meio das suas manifestações culturais nas Belas Artes.
Com curadoria geral de Consuelo Cornelsen e participação de curadores adjuntos, fica em cartaz no MON até o próximo domingo, dia 21 de setembro, nas salas 4 e 5 e no vão-livre do museu.
Dividida em 10 núcleos, a mostra apresenta uma leitura cronológica da produção artística em diferentes momentos da história do Brasil – Modernismo, Estado Novo, Anos Dourados, Anos de Chumbo e na contemporaneidade – destacando obras-chave na construção da cultura brasileira nesses diferentes períodos nos campos das Artes Plásticas, Artes Gráficas, Dança, Teatro, Música, Documentário, Fotografia, Performance, Design, Arquitetura, Cinema, Televisão e Literatura.
Uma parte dos núcleos expositivos (salas 4 e 5) está organizada sob duas grandes estruturas em forma de libélula, representando a liberdade da criação artística – a apresentação dos conteúdos se dá por meio de obras originais, vídeos, fotografias, documentários, filmes, maquetes e objetos.
Fotos, vídeos e maquetes mostram um panorama da arquitetura e do design brasileiro em cubos ao longo do vão-livre.
Link para imagem. Obra de Antonio Claudio Carvalho:
Núcleos
Arquitetura
Este núcleo apresenta, em fotos, vídeos e maquetes, um panorama da arquitetura brasileira realizada no século XX nas principais capitais do País. Nove cubos de grandes dimensões estão distribuídos pelo vão-livre do museu, cada um dedicado a um dos temas abordados: Vanguardas Internacionais, Vanguarda Moderna Brasileira, Estado Novo, Centenário do Paraná, Casas Modernistas, Urbanismo, Brutalistas, Projetos Premiados e Paulo Mendes da Rocha. A curadoria adjunta é de Salvador Gnoato.
Artes Visuais
Pinturas e esculturas de referência na produção visual brasileira da século XX, dispostas em 16 módulos. Apresentam em diálogo obras de Eliseu Visconti, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Cândido Portinari, Vicente do Rego Monteiro, Ismael Nery, Flávio de Carvalho, Iberê Camargo, Djanira, Antonio Arney, Ligia Pape, Helio Oiticica, Lygia Clark, Alfredo Volpi, Tomie Ohtake, entre outros. A produção paranaense estará representada por autores como Alfredo Andersen, Domicio Pedroso, Miguel Bakun, Guido Viaro, Fernando Velloso, Helena Wong, Rones Dunke, Rogério Dias. Os Curadores adjuntos são Sandra Fogagnoli e Fernando Bini
Cinema
Com curadoria adjunta de Denize Araujo, a seleção de filmes pressupõe um debate interessante sobre a identidade brasileira que eles mostram, que ora exaltam nossos hábitos, ora evocam nossa criatividade.
Dança
O núcleo dedicado à dança questiona se podemos falar da construção de uma dança genuinamente brasileira, de um corpo brasileiro à margem da Europa, de um corpo que é um caldeirão cultural. A exposição, com curadoria adjunta de Gabriel Machado e Thales Quadros, apresenta vídeos realizados por diversos vídeomakers especialmente para esta mostra sobre obras icônicas da história da dança, a partir do surgimento da dança moderna no mundo e o percurso da brasilidade a partir da Semana de Arte Moderna, passando pelo Movimento Antropofágico, pela Revista Brasileira, pela Tropicália, até os anos 2000. Registros fotográficos de grandes nomes da dança nacional e mundial complementam a exposição.
Design
O núcleo apresenta a produção brasileira e internacional nas áreas de design editorial (anúncios, cartazes, revistas) de embalagens, habitação (aparelhos de som, iluminação, móveis, banheiro, cozinha, serviço), identidade corporativa (marcas, sinalização, tipografia), mobiliário urbano (bancos, estações de ônibus, quiosques),moda (calçados, objetos de uso pessoal, vestimentas), veículos (automóveis, bicicletas, motos, ônibus), trabalho e lazer (equipamentos, instrumentos). Os objetos, maquetes e vídeos representando estas áreas temáticas serão instalados em nove cubos situados no vão-livre do museu. O curador adjunto é Ivens Fontora
Fotografia
Uma seleção com obras de 16 fotógrafos brasileiros e internacionais forma uma linha do tempo que conta o desenvolvimento da fotografia como expressão artística a partir do movimento modernista. German Lorca, Thomas Farkas, Miguel Rio Branco, Mário Cravo Neto e Gérard Rancinan são alguns dos fotógrafos homenageados na exposição. Os Curadores adjuntos são Thiago Guimarães e Sandra Fogagnoli
Literatura
O curador adjunto Ricardo Corona faz um recorte na história da literatura nacional e internacional para mostrar a participação que um grupo de autores teve na criação de uma escrita inventiva e experimental, características da arte moderna. Serão apresentados trechos de obras como Eureka, de Edgar Allan Poe; Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, Macunaíma, de Mário de Andrade;Finnegans Wake, de James Joyce, Serafim Ponte Grande, de Oawald de Andrade, Malone Morre, de Samuel Beckett, Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa; O Jogo da Amarelinha, de Julio Cortázar, entre outros. Os autores paranaenses são representados pelas obras: O Vampiro de Curitiba, de Dalton Trevisan, Catatau, de Paulo Leminski; O Mez da Grippe, de Valêncio Xavier, e Mar Paraguayo, de Wilson Bueno.
Música
Ao lançar um olhar panorâmico sobre mais de 200 anos de Música Brasileira, salta aos olhos o fato do processo, em suas mais diferentes formas e épocas, estar plenamente identificado com a definição de Antropofagia cunhada por Oswald de Andrade. Os curadores adjuntos são Laís Pires, Diana Moro e Henrique Cazes
Performance
A performance surge como uma maneira de dar vida a ideias formais e conceituais da criação artística, indo na contramão da arte convencional estabelecida até então, e desafiando qualquer definição. A curadoria adjunta é de Eliana Borges.
Teatro
Três textos-chave na história da dramaturgia moderna e contemporânea são interpretados por três atores de referência do teatro brasileiro: "Manifesto Antropofágico", de Oswald de Andrade, apresentado por Ari Fontoura; "A Vida como Ela É", de Nelson Rodrigues, por Luís Melo e "Nunca mais eu tinha usado saia", de Luiz Felipe Leprevost, por Simone Spoladore. As apresentações ocorrem por meio de holografias/imagens 2D dos atores, projetadas em pequenos palcos criados no espaço da exposição. O curador adjunto é Beto Lanza.
Revista Klaxon
Reproduções das capas da revista moderna Klaxon, editadas em São Paulo na década de 20 com a colaboração de nomes como Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Tarsila do Amaral, entre outros, formam um grande tapete que está na rampa de acesso às salas expositivas. Com o uso de smartphones o tablets direcionados às imagens, os visitantes terão acesso aos conteúdos digitados de cada número da revista.
Serviço
“Tupi or not Tupi”
Data: até o dia 21/09, domingo
Horário: terça a domingo, das 10h às 18h
Ingressos: R$6 e R$3 (meia-entrada para professores e estudantes com identificação).
Local: Museu Oscar Niemeyer – Rua Marechal Hermes, 999 – Centro Cívico – Curitiba – PR