MUSEU DO RIO INAUGURA – o MAR amanhã no Rio de Janeiro

Um museu voltado à formação, tanto de pessoas quanto de um acervo público de obras de arte. Essa é a missão a que se propõe o Museu de Arte do Rio (MAR), que abre as portas na sexta-feira (1º), aniversário da cidade, em evento para convidados, incluindo a presidente Dilma Rousseff.

Primeiro dos quatro museus públicos que o Rio vai ganhar nos próximos anos – os demais são o do Amanhã, o da Moda e o novo Museu da Imagem e do Som, o MAR ocupa dois prédios na zona portuária, que serão abertos ao público a partir de terça.

A integração entre arte e educação é a meta do museu: não por acaso, visitantes entram no espaço pelo prédio da Escola do Olhar –área educativa Fachada do Museu de Arte do Rio (MAR), na praça Mauá, na zona portuaria do Rio de Janeiro; o museu será inaugurado na sexta-feira, 1º de março

"É um museu da cidade para sua população", diz Paulo Herkenhoff, 63, diretor cultural do MAR. "Se for bom para a rede pública, será bom para os cidadãos e os turistas."

Planejado para abrigar coleções privadas em exposições temporárias, a instituição mudou de característica com a chegada de Herkenhoff e passou a ter como meta criar um acervo próprio.
O MAR estreia com cerca de 3.000 obras, entre elas uma escultura de Aleijadinho, a primeira na coleção de um museu carioca, e um quadro de Tarsila do Amaral.

Suas quatro exposições inaugurais, no entanto, ainda são baseadas em coleções particulares, como as do casal Fadel e a de Jean Boghici –reduzida por um incêndio que atingiu a cobertura do colecionador no ano passado.

 

EXEMPLO DA PINACOTECA – Erguido ao custo de R$ 79,5 milhões, o MAR é uma parceria da prefeitura com a Fundação Roberto Marinho, à qual o município destinou cerca de R$ 62 milhões, por serviços nos dois prédios.

Do custo total, R$ 14 milhões vieram por meio do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac); o museu tem a Vale e as Organizações Globo como patrocinadoras.

Segundo o prefeito do Rio, Eduardo Paes, além de impulsionar a revitalização da zona portuária, o museu foi pensado para dar ao Rio "um equipamento parecido com a Pinacoteca de São Paulo."

"A prefeitura não tinha nenhum museu de porte. O MAR permite, nesse primeiro momento, pelo menos expor acervos privados que estavam escondidos por aí", diz.

A decisão de deixar a administração a cargo de uma OS (Organização Social), escolhida por edital, faz parte da estratégia de "institucionalizar" o museu, deixando-o menos sujeito às mudanças no comando da cidade.

A OS vencedora foi o Instituto Odeon, de Minas Gerais, que receberá R$ 12 milhões anuais da prefeitura. O contrato vale por dois anos, renovável por mais três. Para manter as atividades artísticas e educativas, buscará mais R$ 13,6 milhões via Lei Rouanet –o montante, já autorizado, está em fase de captação.

Por contrato, o MAR deve atender um mínimo de 2.000 professores da rede pública e receber ao menos 200 mil visitantes em seu primeiro ano.

“Não queremos um museu que seja vitrine, não é um museu dos grandes fetiches, dos recordes de aquisição, mas onde as coisas entram porque podem produzir algum sentido. É um museu de produção de pensamento."

Essa é a defesa entusiasmada de Paulo Herkenhoff, diretor cultural do Museu de Arte do Rio (MAR). Ele fala do espaço com a empolgação de alguém prestes a concretizar um sonho. "Prometi a mim mesmo que não trabalharia mais em museus, mas não resisti a esse projeto", confessa.

No total, ele já dirigiu sete instituições de arte, como o Museu de Arte Moderna do Rio, entre 1985 e 1990, e o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), entre 2003 e 2006. Foi também curador no Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMA, de 1999 a 2002.

Para o MAR, ele tem planos ambiciosos. Quer dar uma virada conceitual na produção cultural da própria cidade: "O Rio é pensado do centro para a zona sul, que é a região dos que sabem, dos que têm acesso. Nosso propósito é estabelecer um caminho geográfico inverso, do centro rumo às zonas norte e oeste".

Para tanto, o novo museu tem em seu eixo um "arco educativo", cujo destaque é o atendimento a estudantes da rede de ensino municipal, programa que Herkenhoff diz ter buscado implementar durante sua gestão no Museu Nacional de Belas Artes.

"Há dez anos, quis fazer um programa para atender 200 mil crianças e me puxaram o tapete", conta.

"Puxar o tapete", para o curador, quer dizer que "o dinheiro foi negado". O diretor do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), José do Nascimento Júnior, na época responsável pelo departamento de museus do MinC, contesta-o: "Nunca recebi dele um projeto formal para o educativo do Belas Artes, e esse é um assunto ultrapassado".

Polêmicas à parte, o projeto educativo no MAR concretiza-se no edifício voltado a essa função, denominado Escola do Olhar. Ela tem quase a mesma área do espaço expositivo e tem como uma de suas metas atender 200 mil estudantes por ano.

Mas Herkenhoff pretende ir além desse objetivo: "O Rio tem 1.067 escolas, é a maior rede pública do país; por isso, vamos trabalhar extramuros, em rede, para que cada criança vá a um museu por ano".

 

*Fonte: Pesquisa em outros blogs, Alice Varajão.