A exposição Entre o linear e o pictórico está no Palacete dos Leões BRDE até 30 de setembro. Reune obras de artistas contemporâneos do Grupo Papel composto por professores de Artes Visuais da UTP.
Discutir a produção individual de cada artista e relacioná-la ao contexto contemporâneo, trazendo um conceito entre o desenho e a pintura é o objetivo da exposição “Entre o Linear e o Pictórico”, que está acontecendo no Espaço Cultural BRDE – Palacete dos Leões, até o dia 30. Visitas de segunda a sexta-feira, das 12h30 às 18h30. A coletiva é formada por professores do curso de Artes Visuais da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). Os cinco artistas são integrantes do Grupo Papel, formado pelo curso de Artes Visuais da UTP, que tem como objetivo fomentar a produção cultural local, aliando o fazer artístico ao pensamento teórico, de forma que possa estimular uma produção crítica e consistente de arte contemporânea a partir do papel. Como o nome diz, o papel é o que dá suporte às experimentações, então por que não utilizar a linha como estrutura que dá forma e corpo ao desenho? As poéticas, as lembranças e o olhar de mundo de cada um dos cinco artistas acontece por meio da costura, do lápis, da corrosão do ácido na placa de metal, do nanquim (tinta preta) ou digital. Para entender a obra, é necessário que o espectador se aproxime e observe de forma atenta o jogo de linhas sobre o papel. Eliza Gunzi, Mestre em Poéticas Visuais, reproduz detalhes observados em estampas japonesas. Seus desenhos são feitos com nanquim sobre papel, por meio de linhas finas e delicadas. Depois de toda a etapa, são plotados em formatos grandes e adesivados em paredes. “Me interesso por trabalhos que tenham minúcia detalhista em que o espectador tenha que se aproximar para olhar”. Detalhes é o que podemos encontrar nos trabalhos de Evandro Gauna. Formado em artes e com gosto pela fotografia, sai pela cidade em busca do que passa desapercebido no dia a dia. Com agulha e linha, suas fotos viram bordados em papel. “Nos meus trabalhos as pessoas reconhecem os detalhes do dia a dia da cidade”, comenta o artista que em seus desenhos deixa pequenos espaços vazios, tornando assim necessário que com o olhar as pessoas preencham o que não foi bordado. A pictorialidade da mancha e do desfocamento também fazem parte do trabalho do artista. Assim como Gauna, a artista plástica Haydée Guibor também tem olhos atentos. Desenhos feitos em ambiente digital, jogo entre o preto e o translúcido, impressos em adesivo e colados em acrílico são pequenas descrições do expressionismo abstrato de seu trabalho. “Eu tenho a necessidade de desenhar. Quero que as pessoas percebam a massa (preto) e o vazio (transparente).” Imagens de propagandas e filmes são apropriadas e transformadas pelo artista visual Hugo Mendes. “Vejo uma imagem e sinto como se já tivesse vivido aquilo, por conta desta lembrança eu dou o nome à figura”. Os desenhos em nanquim sobre papel, feitos a partir de linhas horizontais, trazem uma reflexão de pensar no original, que é por tantas vezes modificado e chega sempre ao espectador de uma forma diferente. Renato Torres, Bacharel em Gravura, trabalha com idéias de temporalidade, em cima daquilo que já foi gravado pelas pessoas através de linhas que suscitam um desdobramento da imagem. “É uma discussão entre as linguagens, uma tentativa é ir além da técnica tradicional”. Rubens Portella, curador da exposição, faz um resumo da essência das obras. “Como sugere o próprio título da exposição, é de interesse do grupo investigar não apenas as características, linguagens e possibilidades expressivas de cada modalidade artística isolada, mas as transições, convergências e interligações entre elas, estabelecendo novos pontos de vista, tensões e desafios. É por meio da troca constante de referências, do debate de idéias e da abertura do diálogo, que estes jovens artistas e pesquisadores esbatem as fronteiras entre o desenho, a fotografia, a arte eletrônica, o objeto, a pintura e a gravura – áreas específicas do interesse década um dos integrantes do grupo – para ingressar em um novo campo experimental e poético, propiciado pela atmosfera do pensamento em coletividade”.
Confira no Palacete dos Leões / Espaço Cultural BRDE
Av. João Gualberto, 530 – Juvevê – Curitiba – PR