Textos de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Veículo: Estado do Paraná
Caderno ou Suplemento: Nenhum
Coluna ou Seção: Tablóide
http://www.millarch.org/
29/09/1977
Jair no ringue plástico
No meio das artes plásticas do Paraná o pintor Vicente Jair Mendes, diretor do Museu Guido Viaro, sempre se destacou como um dos homens mais conscientes em relação aos problemas da classe. A experiência de boxeur em sua juventude o ensinou a enfrentar os golpes da vida a da necessidade de saber se defender com agilidade e energia. Por isso mesmo, vem tentando, mais uma vez, aglutinar a desunida classe dos artistas plásticos numa associação – primeiro passo para um futuro sindicato, capaz de poder lutar pela regulamentação da profissão.
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Jair Mendes vê necessária a criação de uma entidade que representando os artistas profissionais possa moralizar o mercado, disciplinar as exposições, ordenar os chamados “leilões” beneficentes, enfim “pôr ordem na casa”. Como Fernando Velloso, diretor do Museu de Arte Contemporânea, Jair lidera o movimento independente de suas funções oficiais, “como pessoa física e não jurídica, o Jair Mendes pintor, que sofre, como os meus colegas, todos os problemas de um mercado viciado, dominado por interesses escusos e que precisa ser disciplinado”, acrescenta. no ano passado, Jair doou mais de 10 quadros para fins ditos de beneficência. Agora, acha que está na hora dos artistas profissionais passarem a ver [com] maior critério tais pedidos: “não sou contra isso, apenas acredito que não é justo que os artistas plásticos sejam sempre os primeiros a terem que se desfazer de suas obras para fins beneficentes que visam, muitas vezes, a promoção de certos colunáveis nomes”.
Racionando: é muito fácil fazer cortesia com chapéu dos outros.
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Jair Mendes já tem o apoio dos artistas plásticos de maior nome e prestígio, que realizam um trabalho realmente profissional. Com estes, ele quer organizar a associação e ter condições de denunciar o muito que há de errado na política de exposições promovidas por certas galerias, acobertando artistas medíocres, vindos de outros Estados e que nada acrescentam ao nosso universo cultural. Como o título Guairacá, Jair, ex-boxeur, homem sem papas na língua e que sabe o que diz, vai repetir:
– Esta terra tem dono!
03/05/1984
Texto sem o devido ( Titulo )
A bela loira Eliane Prolik, artista plástica e coordenadora da galeria do Centro Cultural Brasil Estados Unidos, está comunicando que a Associação Profissional dos Artistas Plásticos do Paraná inaugura amanhã, no hall do Teatro Guaira, uma grande mostra coletiva. São mais de 150 obras de artistas paranaenses, incluindo várias técnicas como arte ambiental, áudio visuais etc.
Palestra e debates com presenças já confirmadas de Sergio Moura e Eduardo Nascimento ” Quea Tienamento”, ” Grupo LABOR(ale)ATÓRIO” orientado por Lizete Chipanski e desenvolvido no Museu Alfredo Andersen, etc. Diz Eliane a respeito da promoção:
” Nossa Associação vem desempenhando importante papel dentro de nossa cultura, questionando e propondo, incentivando o meio artistico. Cria-se realmente um novo momento e novos espaços”.
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A propósito; Humberto José, o presidente da Associação bem como seus colegas de diretoria estão aguardando ainda o telefonema do deputado Euclides Scalco, chefe da Casa Civil, informando a hora e dia que o governador José Richa receberá a diretoria de entidade. A razão já noticiamos: externar ao “participativo” governador Richa a revolta da classe pela escolha de uma marchand de tablaux para substituir a artista plástica Marisa Bertolli na direção do Museu de Arte Contemporânea. Embora nada tendo contra a pessoa de Sandra Helena Larsem, uma jovem, elegante e simpática senhora que se dedica em suas horas vagas à comercialização de obras de arte em sua galeria ( a SH-316 ), os artistas plásticos ficaram indignados pelo despretigiamento à classe, no momento em que para a direção do MAC deveria ir uma pessoa com curriculum artístico e relacionamento profissional que a credenciasse para tal função.
18/05/1984
Artistas plásticos vão indicar diretor do MAC
Associação Profissional dos Artistas Plásticos do Paraná não poderia comemorar o seu primeiro ano de existência de forma mais feliz. Criada no dia 21 de maio de 1983, graças ao esforço de um grupo de jovens artistasa instituição acaba de conquistar sua maior vitória : está definitavamente afastada a ameaça de uma marchand de tabaux dirigir o Museu de Arte Contemporânea. A imposição que ao designar – não se sabe louvado em que fatores para que uma jovem, elegante e simpatica senhora que se dedica ( nas horas vagas ) a vender quadros, Sandra Helena Larsen para o cargo, foi corajosamente bloqueada pela posição firme e independente da diretoria da APAPP, presidida por um artista corajoso e integro José Humberto Boguszewski.
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A primeira tentativa da diretoria da Associação em questionar a escolha da Sra. Larsen para substituir a artista Marisa Bertolli na direção do MAC,foi rechaçada da forma mais grosseira e antipática, nos acarpetados gabinetes da Secretaria da Cultura ( sic ). Revoltados com o tratamento recebido, José Humberto e seus companheiros de diretoria solicitaram audiência com o governador José Richa, e mesmo não tendo sido recebidos, foram gentilmente atendidos pelo Chefe da Casa Civil, deputado Euclides Scalco a quem entregaram um documento historiando a irregularidade que teria ocorrer no MAC. Apesar de preocupado com o escândalo dos dólares, mas justamente para evitar novos focos de atrito que viessem a desgastar o governador José Richa, Scalco agiu com prudência. Mandou sustar a nomeação de Sandra Helena Larsen – cuja designação era tida como certa – e pessoalmente telefonou ao presidente da Associação, José Humberto, desculpando-se pelo fato do governador Richa não poder recebê-lo na semana passada. Afinal, Richa estava com cabelos em pé, preocupado, nervoso e irritado com a crise dos dólares e não poderia, comtraquilade , receber a diretoria da Associação. Entretanto, o Palácio Iguaçu determinou que a imposição que tanto revoltou a classe dos artistas plásticos não se consumasse e assim, no inicio desta semana, José Humberto e seus companheiros de diretoria voltaram aos gabinetes da Secretaria da Cultura ( sic ), mas recebidos de maneira direferente. Humildemente, sem imposições, a linguagem foi diferente : a proposta de uma assembléia geral da associação, para que seja elaborado uma lista de nomes da qual será escolhido o ( a) novo (a) diretoria do Museu de Arte Contemporânea. Ou seja: uma forma democrática, justa e coerente, que há um mês não foi cogitada, mas que após a severa intervenção da Casa Civil, fez com que o tratamento dispensado mais civilizados. Aliás, educação e civilidade deveriam sempre existir nas Secretarias de Estado ( especialmente na Cultura ), o que, infelizmente, não aconteceu.
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José Humberto Boguszewski, 28 anos, formado pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná na turma de 1975, trabalhando tanto em pinturas como programação visual, foi escolhido para a presidência da Associação justamente por sua habilidade e independência.Generosamente, cedeu parte das instalações de um imóvel familiar ( Rua Ignácio Lustosa,1197 ) e o próprio telefone ( 233-6576 )para que a entidade pudesse ter existência fisica neste primeiro ano. Contando com 132 associados todos artistas plásticos, naturalmente, tendo promovido duas mostras coletivas ( a segunda, aberta no hall da Fundação Teatro Guaira ), a APAPP atinge agora, em seu primeiro aniversário, esta bonita vítória : evitar que uma marchand de tablaux viesse a ocupar um cargo que exige justamente o oposto: um artista, crítico ou professor de área de artes plásticas suficiente gabarito ( e independente ) para poder desenvolver um trabalho eficiente.
No dia 26, sábado, a Associação Profissional dos Artistas Plásticos do Paraná promove assembléia geral, possivelmente no auditório da Escola de Música e Belas Artes do Paraná, na qual será discutido amplamente o assunto e elaborada a lista de candidatos ao cargo do MAC da qual será escolhido o novo diretor do MAC. José Humberto fez questão de marcar a assembléia para dentro de 9 dias, justamente para que todos os associados tomem conhecimento da mesma e, se possivel compareçam, já que o assunto é da maior importância. A propósito “Sandra Helena Larsen, a elegante proprietária da Galeria de Art SH-316, não é nunca foi ( e dificilmente será aceita ) associada da APAPP.
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Na assembléia do dia 26, além da elaboração da lista de candidatos a direção do MAC, será tratado de outro importante assunto : a discussão de uma plataforma minima de trabalho a ser desenvolvida, incluindo um seminário que possa analisar a situação das artes plásticas no Paraná: criatividade, comercialização, ingerêncial oficial, a proliferação das galerias comerciais etc. Enfim, com check-up de um setor artistico que necessita, mesmo, de uma sacudidela moralizadora.
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Uma lição fica deste episódio: uma entidade, mesmo que jovem, quando tem gente competente e corajosa na diretoria, pode vencer o autoritarismo oficial. Se José Humberto e seus companheiros não tiveram protestado, o MAC já teria uma nova direção. Graças a sua ação, será encontrada uma forma democrática, honesta, coerente com os propósitos de “governo participativo” não apregoados pelo Sr. José Richa em sua companha politica. Por último: nem a Associação, através de seus diretores nem este colunista tem nada em termos pessoais contra o elegante Sandra Helena larsen ( cuja galeria, aliás, sempre teve cobertura em nossas colunas ). Apenas, nesta questão, o posicionamento da Associação foi de defesa da classe. E o nosso de independente apoio a esta entidade, que merece, até o momento, nosso respeito.
31/05/1984
MAC, direção e ajuda que os outros trazem
A indicação da lista tripice da qual será escolhido o novo diretor do Museu de Arte Camteporânea – Elizabeth Titton, Ronald Sinson e Eduardo Nascimento, deomocraticamnete eleborada durante a assembléia da Associação Profissional dos Artistas Plásticos do Paraná na tarde de sábado,26, trouxe muitas lições. De principio, um fortalecimento da entidade representativa dos artistas plásticos, criada hám um ano e que conseguindo sobrepor-se a rivalidade, interesses e preocupações menores, se firma como um organismo capaz de valorizar a classe. O presidente José Humberto, agindo com serenidade e independência, soube resistir. A secretária da Cultura e o Esporte pretendia. Absurdamente, impor o nome de uma marchand de tablaux, a sra. Sandra Helena Larsen, para a direção do MAC, josé Humberto fez valer os direitos dos astistas e que se respeitasse o regulamento interno do MAC.
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Neste episódio contou muito o apoio que o deputado Euclides Scalco, chefe da Casa Civil, deu à diretoria da APAPP, como os argumentos de José Humberto e seus companheiros de diretoria não foram ouvidos pelos ocupantes do ( temporário, felizmente ) poder na Secretaria da Cultura e Esporte, buscaram uma audiência com o governador José Richa. Se Richa, nervoso e ocupado com a crise dos dólares, não pôde recebe-los, ao mesmos o seu Chefe de Gaabinete, suficiente sensivel a uma reivindicação justa e colocada em termos corretos evitou que houvesse novos ( e desnecessários ) desgastes oficiais na área cultural. Interviu para que a nomeação de Sandra Helena larsen, uma senhora, elegante e simpastica que se dedica a venda de quadros nas horas de folga, fosse confirmada e, ao contrário, deu condições a que os artistas fizessem sua lista triplice. Uma atitude honesta e coerente com os propósito de governo participativo, na inovação de um nome estranho à classe para direção do Museu de Arte Comtemporânea.
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Outro aspecto importante: seja quem for o escolhido ( embora esteja quase certo que a nomeada será Elizabeth Titon, artista jovem mas bem intencionada ) a Associação Profissional dos Artistas Plásticos do Paraná estará atenta para cobrar a execução de um programa minimo de trabalho. José Humberto e seus companheiros de diretoria, interpretando os anseios da classe, querem que o Museu de Arte Comteporânea torne-se cada vez mais um núcleo atuante, tenha uma grande participação na vida cultural e não seja apenas um pouco para apresentar exposições geralmente trazidas por organismos internacionais ou nacionais,ou realizados graças a iniciativa dos próprios artistas.
Aliás, o grande problema dos aspectos culturais não só na area do Estados mas também ( é principalmente ) do municipio é justamente este: os calendários artisticos são feitos de acordo com as reservas que outras entidades fazem, ou dos artistas que individualmente, procuram tais unidades. Inexiste um programa de trabalho, que defina uma filosofia informativa e artistica. Se não fosse, especialmente, Goethe Institut / Instituto Cultural Brasileiro Germanico, não só a Fundação Cultural. Mas várias outras entidades culturais das cidades ficariam capengas em suas programções. Com um número minimo de funcionários ( ao contrário da Secretária da Cultura e Fundação Cultural, que no total empregam mais 500 pessoas ), o Goethe Institut mantém excelente programação, cobrindo vários setores, sem preconceitos, que supre a deficiência de nossos caros organismos culturais.
26/08/1984
A Associação Profissional dos Artistas Plásticos do Paraná mostra sua razão de existir. Há alguns meses impediu que uma Chand-de-tablaux assumisse a direção do Museu de Arte Contemporânea. Agora, a entidade promove esta semana o II Ciclo de Palestras Sobre Artes Plásticas, que inicia hoje com a participação do professor Newton Stadler de Souza, autor do livro “Bakun”.
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“Bakun”(90 páginas, capa de Álvaro Borges, edição do autor), é um belo livro sobre o pintor Miguel Bakun (1909-1963), revisto de uma forma descontraída, um tanto bem humorada e principalmente honesta historicamente pelo escritor Newton Standler de Souza, intelectual dos mais respeitados e autor de obra marcante.
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O Ciclo das Artes Plásticas prosseguirá amanhã com palestras de Paulo Menten, Leonil Lara e Alberto Cesar Tavares de Oliveira, membros da diretoria da Associação dos Artesãos de Maringá, sobre “A atividade artística no Interior do Estado”. “Uma visão pessoal da situação da arte no Brasil” será o tema de Luis Paulo Baravelli no dia 29. Baravelli representou o Brasil na Bienal de Veneza-84.
08/06/1986
No campo de batalha
Domício Pedroso, o simpático presidente da Associação Profissional dos Artistas Plásticos do Paraná, completando e informando corretamente a observação que o crítico Olney Kruse fez em 20-05-86 no livro de visitas da exposição do pintor Mohamed, na galeria Banestado – objeto de nossa notícia no dia 25 de maio: “Há força e originalidade em seu trabalho, Mohamed. Mas, por favor não ouça o canto das más sereias fazendo o modismo da transvanguarda! (Pense nisto). Abraços. Olney Kruse.” Vamos ver se o artista – até agora um ilustre desconhecido nos meios plásticos – ouve os conselhos do crítico Kruse e evita cair no comercialismo barato que está transformando as artes plásticas no Paraná em terra de aproveitadores, vigaristas e falsos artistas. Precisamos de críticos rigorosos para policiar a área das exposições e eliminar os talentos dos medíocres comerciantes de pincéis. Aliás, esta também deve ser uma preocupação da Apap-PR!
15/09/1986
Denúncias de Adalice serão examinadas pela Associação
Desde que assumiu a presidência de Associação Profissional dos Artistas Plásticos do Paraná, o pintor Domício Pedroso tem colocado nesta entidade a sua competência e equilíbrio. Com sua voz calma e raciocínio claro tem evitado excessos em muitas inflamadas reuniões e buscado valorizar a associação, cada vez mais necessária considerando o crescimento do setor no Paraná.
Assim, Domício recebeu com simpatia a carta-denúncia que a associação Adalice de Araújo encaminhou, há alguns dias, na qual – conforme aqui noticiamos no domingo – faz sérias denúncias em relação ao Museu de Arte Contemporânea e a infeliz mostra “Tradição/-Contradição”, organizada (sic) por aquela instituição.
As denúncias de Adalice, crítica de artes plásticas, professora da Escola de Música e Belas Artes do Paraná e da Universidade Federal do Paraná, merecerão análise da diretoria da Associação, “em tudo o que diz respeito as finalidades da entidade” explica Pedroso. “Aquilo que possa merecer a atenção da Associação será fruto de reflexão e, posteriormente, ação da entidade – que não deixará, assim, de dar a resposta as colocações de sua associada”.
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Adalice de Araújo sofreu pessoais e pesadas ofensas da curadoria escolhida pela diretora do MAC, sra.Elisabeth Titon, a propósito das críticas que fez, com todo o direito, aos discutíveis critérios com que a exposição “Tradição/Contradição” foi organizada. Em seu longo documento-denúncia, encaminhado a diretoria da Associação Profissional dos Artistas Plásticos, Adalice lembrou, por exemplo, “a incoerência de se pretender fazer uma exposição desta natureza e complexidade em tão curto espaço de tempo. Não seria preferível abranger um período, movimento ou artista?” indaga a crítica.
Assim raciocinando, Adalice diz: “Efetivamente a exposição “Tradição/Contradição” aberta à visitação pública, em início do mês de junho, revela grandes falhas que prejudicam totalmente os resultados, principalmente dado ao fato que uma mostra deve se destinar a fruição do público e que este não pode, em hipótese alguma, fazer uma boa leitura das obras em função da falta de metodologia adequada na exposição das mesmas. É lógico que existe o aspecto positivo de oferecer ao público a oportunidade de ver trabalhos de várias épocas pertencentes a colecionadores particulares agrupados em um mesmo espaço”.
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Outro aspecto grave em relação a esta “promoção” do Museu da Arte Contemporânea, denunciado por Adalice: “A falta de uma seleção rigorosa das obras expostas dos artistas das gerações de 70 e 80, principalmente. Onde, por exemplo, uma artista como Letícia Faria está representada com um pequeno trabalho que não dá a dimensão do impacto que causam suas pesquisas mais recentes. Também com artistas de outros períodos acontece o mesmo, a exemplo de Ricardo e Ema koch ou Bruno Lechowski para citar apenas alguns”.
Outra crítica de Adalice: “a montagem carece de lógica. Os discípulos de Andersen misturam-se aos artistas do “Movimento de Integração” enquanto que muitos desta fase (a exemplo de Euro Brandão) estão entre os contemporâneos. Quanto a estes últimos haveria necessidade de aproximarem artistas que praticam um tipo de desenho minucioso aliado à metalinguagem como Zimmermann, Rones Dunkes, Ruben Esmanhoto, Isabel Bakker, Bia Wouk, Leonel Brayner (aliás, ausente); os desenhistas com uma linguagem contestatória como Márcia Simões, Margarida Wiescheimer, Ana Gonzales, Sonia Gutierrez (ausente) e Carmem Carini. Ainda da década de 70 há total ausência de levantamento dos Encontros de Arte Moderna fazendo-se necessária a aproximação dos que praticaram propostas de vanguarda como Ivens Fontoura, Lauro Andrade, a própria Márcia Simões nos ambientes, Olney da Silveira Negrão e Fernando Bini (especialmente interessante nas propostas ambientais)”.
Em relação aos anos 80 há ausência das experiências da Arte em Grupo do Caixa de Bicho (com Reynaldo Jardim, aliás ausente; Rogério Dias e Ronald Simon entre outros), Caixa de Arte Livre (Proposta de Ivens Fontoura envolvendo 81 artistas). Grupos Bicicleta, Moto Contínuo, Impressões Digitais. Os artistas que praticaram a gestualidade figurativa como Geraldo Leão, Laura Miranda, Mohamed, Annette Sherbeck e Letícia Faria precisariam igualmente ser colocados de forma que se pudesse sentir o que representam como típicos representantes da geração 80. Necessidade ainda de aproximar experiências de Arte na Rua como o Grupo Sensibilizar e as experiências de Luiz Carlos Camargo Gonçalves (ausente), ou de artistas que trabalham com material da natureza como Lizete Chipanski e Wilmar Nascimento (ausente). Estes são apenas alguns aspectos faltando enumerar uma dezena de outros”.
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Os argumentos de Adalice Araújo, pessoa identificada com nossa arte e com um trabalho regular, há mais de 20 anos, são fortes. Por mais respostas, réplicas e argumentos contra suas ponderações que se tente, o seu protesto ecoou e sensibilizou centenas de artistas que mais uma vez se viram desprestigiados neste infeliz governo peemedebista.
11/01/1987
Numa das reuniões em que se discutiu a criação do Museu da Arte Paranaense, o pintor e designer José Humberto Boguszewski, curitibano, 34 anos, presidente em exercício da Associação Profissional dos Artistas Plásticos do Paraná, colocou realisticamente a situação. Falou da importância de que as artes plásticas tenham realmente maiores espaços – possibilitando inclusive a vinda de grandes mostras que não chegam a Curitiba pela falta de locais apropriados (mas também pela inexistência de maior competência nos órgãos oficiais, acomodados e esperando que ofereçam as promoções ao invés de ir buscá-las). Entretanto, José Humberto manifestou sua oposição à constituição de um novo museu, enquanto os atuais são precários em sua estrutura. Infelizmente, as suas palavras não foram ouvidas e na euforia de mostrar trabalhos para inaugurações de final de gestão foi decidido o comprometimento do Palácio São Francisco com o Museu da Arte Paranaense.
16/04/1987
Eduardo Bittencourt do Nascimento é o novo presidente da Associação Profissional dos Artistas Plásticos do Paraná: toma posse no dia 24 na sede administrativa da entidade (Alameda Júlia da Costa, 364), e depois oferece um jantar no Churrascão Colônia.
Eduardo foi uma das vítimas do ex-secretário da Cultura do Paraná: perseguido, foi proibido de expor numa unidade administrada por aquela pasta, em Antonina, ocasião em que denunciou as arbitrariedades.
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A propósito da posse de Eduardo: na solenidade será homenageado o empresário Max Conradt Jr., que além de pós-plásticos paranaenses, vem também ajudando a APAP/PR.
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A última gestão da Associação foi tumultuada: tanto o presidente, Renê Bittencourt, como o vice, Domício Pedroso, sentiram-se tão pressionados no cargo, que renunciaram. Espera-se que Eduardo complete o seu mandato.
29/11/1987
No campo de batalha
Afinal o Museu de Arte Contemporânea tem um conselho consultivo. Para integrá-lo o secretário René Dotti nomeou Lizete Chipanski, representante dos funcionários da unidade museológica; Ivete Santos, Elvo Benito Damo e Genésio Siqueira Jr. Como representantes da comunidade José Humberto Bogusewski e Giuliano Fuganti, representando a Associação Profissional e Artistas Plásticos do Paraná.
20/08/1988
No campo de batalha
O número cinco do boletim informativo da Associação Profissional dos Artistas Plásticos do Paraná também decidiu tocar num assunto que há 60 dias tem sido muito discutido: a demissão da professora e crítica Adalice Araújo da direção do Museu de Arte Contemporânea. A atual diretoria da associação, presidida pelo fotógrafo Eduardo Nascimento, decidiu adjetivar-se “gestão inquieta” e reivindica a criação de uma Coordenadoria Estadual de Artes Plásticas e o Conselho Estadual de Artes Plásticas.